Fala pessoal, como estão? Espero que bem e com saúde.
Hoje quero contar meu pior período de vida com relação a situação financeira e como de fato era minha vida nessa época. Acredito que todos de modo geral já passaram por algo assim, principalmente quando mais novos e por isso acho que possa servir de experiência ou pelo menos entretenimento barato, informo que vai ficar um pouco longo.
Bom, a bem da verdade é que nunca passei grandes necessidades, sempre tive uma educação razoável alternando entre escolas públicas e particulares. Nunca cheguei a passar fome ou ter que fazer grandes empréstimos e acredito que muito disso é por conta de minha mãe que apesar de criar eu sozinha, sempre batalhou muito durante a vida mantendo uma vida estável de classe média.
Comecei a trabalhar muito cedo, aos quinze anos de idade e já nessa época pagava minha escola, que era a melhor da cidade. Ganhava um salário mínimo e todo valor recebido ia direto para pagar a parcela da escola. Enquanto tinha colegas que estudavam em escola pública e outros em particulares bancados pelos pais eu simplesmente tirava todo meu dinheiro e pagava meus estudos.
Já na faculdade, o começo fui bancado pela minha mãe, que pagou a matrícula e as primeiras mensalidades. Nessa época estava desempregado e estava precisando trabalhar. Tinha um conhecido que trabalhava em casa, com computação gráfica e ao ver aquilo pedi mais um auxílio a minha mãe, pagar o mesmo curso que esse conhecido fez.
Ela pagou o curso e eu me empenhei me destacando entre todos que estavam estudando. No fim do curso, o professor perguntou quem gostaria de trabalhar na área e que não estava trabalhando no qual eu e mais alguns levantamos a mão. Posteriormente, ele me chamou e disse que tinha uma vaga de emprego pra mim.
Comecei a trabalhar por indicação desse professor e a partir desse momento voltei a receber dinheiro novamente. Com isso, comecei a dar todo o valor do meu salário para o pagamento da faculdade e lembro que me sobrava apenas R$ 10,00 para gastar no mês. Comecei a aprender mais sobre o assunto, via que era uma área promissora porém o retorno estava muito abaixo do esperado, pois me pagavam menos que o salário mínimo e meu almoço. Fiquei alguns meses trabalhando, esperando o registro na carteira e no momento em que iam registrar disseram que o piso salarial era muito alto e que não poderiam me registrar na profissão que eu exercia.
Fiquei frustrado pois não estavam sendo justos comigo, além de receber abaixo do mínimo não iriam me registrar naquilo que eu trabalhava. Lembro que nessa época quis um computador descente pra poder trabalhar na área por conta própria e criar um portfólio, porém minha mãe não botou fé e não me ajudou nessa empreitada. Estava sobrando apenas R$ 10,00 mensais e com isso não conseguia comprar um bom equipamento, fique chateado com toda situação e decidi que aquilo não ia me levar aos patamares que eu queria e pedi a conta, saindo com uma mão na frente e outra atrás por não ter registro.
Minha mãe voltou a pagar a faculdade e a realidade é que ela nunca precisou do dinheiro que eu passava pra ela, tanto nas escolas como na faculdade mas nunca rejeitou. Eu sabia que precisava voltar ao mercado e passei a fazer provas de concursos.
Consegui depois de alguns meses trabalhar no censo do IBGE e lá fiquei poucos meses e sai ficando novamente desempregado, até o período em que consegui uma entrevista em um dos grandes bancos brasileiros. Com um pouco de dificuldade, consegui entrar no ramo bancário e tive ajuda de pessoas boas no meu caminho. Aproveitei as oportunidades que me abriam e fui me moldando conforme o ambiente, que hoje olhando pra trás sei que era de muita pressão.
Ganhava razoavelmente bem, tinha um auxílio alimentação bem gordo que passava totalmente para o pagamento das despesas de casa e ainda assim me sobrava um bom dinheiro. Enquanto todos meus colegas e amigos ganhavam pouco eu tinha uma condição de vida muito boa e foi nessa época que comecei meus investimentos.
Apesar disso, estava insatisfeito profissionalmente pois a pressão era extremamente alta, tinha que aguentar muita besteira e estava surtando. Voltei a fazer concursos ainda dentro do banco até que chegou um dia em que cansei de tudo aquilo e simplesmente pedi a conta.
Mais uma vez, sai com uma mão na frente e outra atrás. Não recebi multa de FGTS, apenas o salário proporcional dos dias trabalhados e estava novamente sem rumo. Decidi então cursar uma nova faculdade e como tinha um dinheiro guardado era com isso que eu contava.
De todo esse período, eu aproveitei muito pouco a minha vida de fato com relação a diversão. Sempre tinha focado muito em trabalho e estudos e foi nessa segunda faculdade que decidi aproveitar mais minha vida. Saia constantemente aos finais de semana, ia em todas as festas e mesmo sem trabalhar gastava muito. Meu dinheiro guardado começou a ficar escasso pois pagava R$ 1.000,00 de faculdade e ainda bancava minhas saídas, sendo que muitas vezes saia durante a semana mesmo também pra me divertir. Mais uma vez, vi que meu dinheiro iria acabar e busquei algo que pudesse amenizar os estragos, voltando a trabalhar mas desta vez como estagiário.
O salário do estágio não pagava sequer a mensalidade da faculdade e o fim do dinheiro era inevitável. Eu não queria pedir auxílio para pagar a faculdade até que chegou o mês final onde eu teria que decidir o que fazer: Pedir ajuda para complementar os valores da faculdade a minha mãe ou trancar a matrícula do curso.
Eis que dos concursos que eu havia feito anos atrás, finalmente me chamou. O salário não era alto, a localidade era péssima mas eu tinha que tomar uma decisão. Decidi aceitar aos 24 anos de idade e foi o momento que iria passar a morar sozinho. O salário era na casa de R$ 2.400,00 e ao mudar de cidade passei a pagar aluguel pela primeira vez. Pagava cerca de R$ 800,00 no aluguel somados com mais R$ 1.000,00 de faculdade e o que restava era para alimentação e gasolina, sendo que pouquíssimas vezes podia voltar a minha cidade natal pois sequer tinha dinheiro para isso.
Essa foi a época onde comia coisas baratas para evitar gastar muito e manter meus estudos e sim foi um período muito difícil. O tempo foi passando, meu salário foi melhorando, abandonei minha segunda faculdade depois de um ano na época em que estava mais apertado e fui seguindo a vida até chegarmos em 2019.
Nesse período, bateu novamente um estalo da necessidade de juntar dinheiro. De lá pra cá, voltei a guardar dinheiro mês a mês, no começo valores baixos e hoje valores bem mais altos e agora estou buscando novas formas de renda extra.
Não vou detalhar muito mais pois o post já esta muito longo, mas hoje é o período mais tranquilo na minha vida com relação a finanças. De 2019 pra cá tomei as rédeas da situação e de fato tenho crescido mês a mês. Sinto que preciso alçar novos voos então estou direcionando minha vida nesse sentido.
A dica que eu posso falar pra vocês que são jovens é: Estude, batalhe e aproveite sua vida. Momentos ruins vão passar mas também haverá momentos maravilhosos. De valor ao seu dinheiro, ao seu tempo e as pessoas que você ama. Hoje, com trinta e tantos anos, tenho meu filho que é meu maior motivo de vida, já passei por grandes merdas o que é inevitável. Primeiro procure por algo que te de uma base sólida para que então você possa construir seu império, nem sempre você vai fazer tudo que gosta mas tenha resiliência e sabedoria pra saber a hora de sair, assim como começar novas jornadas. Enfim, a vida é luta...
Grande abraço a todos.
Rumo à IF!
bem legal
ResponderExcluirfundo preto atrapalha
abs
Grande experiência.
ResponderExcluirSempre fiz concurso muito cedo, então consegui fazer um curso superior e recebendo salário...facilita muito.
Realmente, o fundo preto atrapalha.