Esse sábado aconteceu uma coisa interessante em minha vida e achei importante compartilhar com mais pessoas. Um irmão de uma amiga de minha mãe faleceu de câncer, eu o conheci quando era uma criança e lembro de brincar com ele pulando em sua barriga. Era professor e uma pessoa boa.
Minha mãe me chamou para ir até ao velório e a primeira coisa que eu falei foi: Vamos lá e depois vamos ver meu filho, chega, cumprimenta sua amiga e não fica enrolando muito. Ela concordou e assim fomos até o velório.
Tinha poucas pessoas no velório, cumprimentamos e desejamos os pêsames a amiga de minha mãe que já estava exausta por estar correndo atrás de toda parte burocrática, só quem já teve que passar por essa situação sabe o quanto exaustivo pode ser. Minha mãe comecou a conversar um pouco mais com ela quando chegou um senhor de uns 70 anos mais ou menos, com uma biblia na mão pedindo para amiga da minha mãe se ele poderia falar algumas palavras a todos, coisa de 15 minutos e que não passaria disso.
Ela aceitou de prontidão, ele pediu para que nos sentassemos e começou a citar diversas passagens bíblicas, dizendo a interpretação e os motivos da morte. De fato, ele estava dizendo boas palavras para os familiares que estavam em um momento difícil.
Eu nunca fui um cara muito religioso e ouvindo as palavras daquele senhor, comecei a me questionar internamente o que levava ele a fazer aquilo, afinal ele não estava pregando para receber algo financeiro e nem para "arrastar" alguém para igreja dele, estava apenas ali falando da palavra de Deus e confortando aquelas pessoas.
Após terminar tudo que ele tinha de dizer, antes de ir embora ele perguntou a amiga da minha mãe se ele poderia dar um testemunho, seria algo de mais um minuto, justamente para explicar os motivos dele estar ali, sendo que ela aceitou de prontidão.
Ele relatou que quando tinha 32 anos estava para nascer seu segundo filho, até que sua esposa na época veio a óbito junto ao bebê. Disse que naquele dia no velório, uma pessoa entrou e pediu para falar algumas palavras sendo que de algum modo, aquilo foi algo que confortou a sua alma de uma maneira única e a partir dai, começou a fazer a mesma coisa. Falou mais algumas coisas e foi embora. Ele estava ali, em um sábado às 13:00 utilizando o tempo dele para tentar acalmar o coração de pessoas estranhas a ele, sem nenhum retorno financeiro ou interesse oculto.
Naqueles momentos finais ele respondeu a minha pergunta, por qual motivo ele estava ali e claro não pude deixar de relacionar com o que me ocorreu ano passado com a COVID onde também aos meus 32 anos minha companheira faleceu, me deixando junto de meu filho. O velório dela sequer existiu ,foi algo muito rápido com o caixão lacrado que foi direto do hospital ao cemitério e não foi permitido o comparecimento de muitas pessoas por conta da pandemia. Não teve uma despedida justa e eu sequer pude ouvir alguma palavra de consolação naquele momento tão dificíl, onde eu estava me recuperando também dessa mesma doença que acometeu 50% de meus pulmões e com meu filho recém nascido ao meu lado.
Naquela hora eu senti que aquela mensagem era pra mim de alguma forma e que eu deveria estar naquele local ouvindo aquilo. Não pude deixar de me emocionar e meus olhos se enxeram de lágrimas lembrando de tudo que passei.
Um grande abraço a todos.
Rumo a IF!
Olá, muito legal esse seu relato, atualmente muita gente critica os cristãos que tentam amar o próximo como a si mesmo, na maioria das vezes porque não entendem que todos nós somos pecadores, e só enxergam os defeitos, mas você trouxe um belo exemplo de amor ao próximo, obrigado por compartilhar! Abraços!
ResponderExcluirMuitos criticam cristãos que entam amar o próximo como a si mesmo?
ExcluirQuem critica?
Amar ao próximo com a sí mesmo pra mim é algo incomum. São poucas as pessoas que de fato agem assim. E isso independe de ser cristão ou não. Alás independe de ter alguma denominação religiosa.
A fé é algo simples, o cristianismo é simples. Tão simples que muitas vezes são desconcertantes.
Não é necessário ser religioso. Cristo não pregou religiosidade, nem religião. Pregou fé e conduta.
Nosso limites humanos fazem disso um desafio para nós. Mas o que esse senhor fez, de certa forma qualquer um pode fazer e não é necessário religião para determinar isso, até pessoas sem religião podem fazer coisas desse tipo "sem saber"
Tem pessoas que tem atitudes cristãs sem saber, E tem pessoas que se denominam cristãs e não as tem.
O relacionamento com Deus, a fé não devem ser burocratizadas.
Anônimo, eu acho que ele quis dizer que a religião hoje é não é respeitada por algumas pessoas e eu concordo com ele. Como eu disse no post, eu não sou uma pessoa religiosa, mas sempre respeitei a crença dos demais independente de qual seja, mas tenho amigos que vivem fazendo irônias com quem tem uma crença religiosa e se sentem "superior" por seu ceticismo. Mas entendo seu lado também, quando diz que a atitude de amar o próximo independe de qualquer crença, afinal, ser bom ou ruim depende de nossas atitudes.
ExcluirA quem se sinta superior por ser cético e há quem se sinta superior por pertencer a uma entidade religiosa.
ExcluirNo fim tudo é vaidade.
O foco não deveria ser esse. Cristianismo exige desapego disso, mas isso é pra poucos, até porque aparentemente poucos buscam por isso.
Seu relato foi muito forte.
ResponderExcluirÉ bom saber que mesmo depois de tanto tempo você encontrou alguém que mesmo que por alguns minutos tenha ajudado a lidar com o luto que você enfrenta. O luto é uma emoção extrema e ter pessoas como esse senhor que vocês encontraram no velório é sempre um bom ponto de apoio espiritual (para as pessoas religiosas) ou emocional.
Abraços,
Pi